A neurociência explica: por que viajar é tão bom?

Já percebeu que quando estamos viajando parece que o dia dura mais do que 24horas?

E que as lembranças da estrada são muito mais vívidas do que as memórias comuns do dia-a-dia? A neurociência explica: por que viajar é tão bom?

Mamíferos em geral têm esta característica, e nós humanos também: somos animais de rotina! Nossos instintos foram programados pela Mãe Natureza para criar e seguir rotinas. Com o tempo, assimilamos estas rotinas de modo tal que elas ficam batidas, automáticas. Imagine uma trilha pedregosa que você tem que percorrer todos os dias. Nas primeiras vezes em que passar por ali, o cérebro e a percepção de espaço estarão 100% alertas para detectar pedras, galhos e outros obstáculos em que você pode se machucar.

Porém com o tempo você acaba decorando o caminho, e  já nem presta mais atenção naquela pedra que sempre esteve ali. Você já sabe onde ela está e como desviar, não precisa nem olhar. É automático. Porém se uma chuvarada mudar aquela mesma pedra de lugar, é bem provável que você tropece nela nos dias seguintes. Será preciso atualizar as informações anteriores e criar um “novo mapa do caminho”. E isso significa tropeçar na pedra algumas vezes até finalmente seu corpo lembrar automaticamente que ela mudou de lugar.

Essas rotinas da zona de conforto, e especialmente a rotina de repetição fazem o nosso cérebro ficar relaxado. Preguiçoso mesmo. Os estímulos externos são, em grande parte, já conhecidos e catalogados, e não exigem grandes esforços cognitivos. A gente passa todos os dias pela mesma rua na ida e na volta do trabalho. Já sabemos exatamente onde estão as árvores, os hidrantes, o buraco da calçada, as placas, postes, etc. Não há novas emoções nem novidades pelo caminho. Sem estímulos que o forcem a trabalhar, o cérebro atua em um modo automático de economia de energia.

Quando saímos pra viajar, nosso cérebro entra em modo de alerta moderado, um estado bem inicial de “lutar ou fugir“, só que sem a urgência de uma situação de perigo real. Neste estado, a nossa percepção é ampliada. É um estímulo natural, aperfeiçoado ao longo de milhares de anos de evolução. Ao sairmos da zona de conforto dos lugares já explorados, nosso cérebro passa a atuar de forma mais intensa, havendo aumento geral em todos os nossos sentidos, que ficam mais aguçados frente ao desconhecido.

Com esse aumento natural do poder de processamento do cérebro, os cheiros parecem mais fortes, perceptíveis e marcantes, A comida fica mais gostosa. Até o próprio tempo parece passar mais devagar. Não é mera especulação: a percepção do tempo é realmente alterada pelo modo de alerta moderado.

O cérebro está operando de forma acelerada, processando mais dados em menos tempo. E isso faz com que o tempo realmente pareça passar mais devagar, numa espécie de efeito câmera lenta.

Ao viajar, não há mapa do caminho nem zona de confortoTudo é novo! As diferenças de língua, de moeda, de temperatura… Até o cheiro do ar e o gosto da água são estímulos que fazem o cérebro multiplicar em várias vezes sua capacidade de processamento. A razão desta deliciosa sensação de alegria e euforia quando caímos na estrada tem nome: serotonina. Conhecida como um dos Hormônios da Felicidade, a serotonina é um neurotransmissor complexo, responsável por várias funções cognitivas, motoras e emocionais. Inclusive, muitas das doenças do mundo moderno vem de disfunções na produção ou recaptção de serotonina. Insônia, depressão, mau humor, enxaquecas, ansiedade, pânico, stress, ausência de libido e outros tantos são apenas algumas das consequências dessas disfunções no hormônio que tem entre suas funções regular a nossa capacidade de sentir alegria e prazer.

 

 

Fonte: multivibe.com.br