Enquanto os católicos celebram a passagem de ano em Dezembro, por conta do calendário solar, os judeus se baseiam nas fases da lua e já comemoraram na madrugada de 19 de setembro a chegada do ano 5770.
“Os indianos definem a data do seu ano novo através de estudos astronômicos, mas geralmente é em outubro (em alguma regiões da Índia, o mês pode ser outro). Este ano, a festa tem o seu ápice no dia 18, mas os preparativos já começam cinco dia antes, no dia 14”, explica Fernanda Payo, diretora da academia Shiva Nataraj Danças e Práticas.
O calendário hindu varia conforme as regiões, pode ter início na lua nova ou cheia, mas de forma geral é baseado no movimento lunar e compreende doze meses de 29 dias e meio. Os doze meses completam um total de 354 dias, ou seja, 11 dias de menos do calendário solar.
O ano novo dos indianos é conhecido como a Festa das Luzes (Diwali), marcada pelo retorno da deusa Lakshmi (ou Laxmi), símbolo de prosperidade. A celebração é repleta de história e vários significados, um deles indica o retorno de Rama e Sita, reencarnações de Vishnu, deus sustentador do universo, e de Lakshmi, que foi resgatada das mãos do demônio Ramavana. Esses deuses só conseguiram enxergar o caminho de volta porque o povo deixou a floresta toda iluminada.
Por este motivo, as casas recebem durante os cinco dias de comemorações muitas luzes e incensos. São limpas e decoradas com lamparinas de óleo. À noite familiares e amigos trocam presentes ao redor de muita música e pratos típicos, além de estourar fogos de artifício com a intenção de destruir as forças do mal, justamente como seu viu nos capítulos de Caminho das Índias.
“Aqui no Brasil, as comemorações são mais tímidas, geralmente em um dia só. Mas a festa sempre começa com um puja (oferendas) à Ganesha, e no desenrolar da noite há muita dança, música e teatro, além de entoação de mantras, sempre com lamparinas acesas. Há ainda a encenação das partes do Ramayana, semelhante à Paixão de Cristo”, explica.
A diretora que estuda a cultura indiana montou um espetáculo baseado na festa com cinco atos, que simbolizaram os dias de preparação. As coreografias apresentadas neste sábado, dia 10, encenaram a preparação do Diwali.
“Lá na Índia, no primeiro dia são feitas orações à deusa Lakshimi para pedir prosperidade no ano que se inicia. Já na manhã do segundo dia, chamado de Chhoti Diwali ou pequeno Diwali, as mulheres se ocupam em fazer bonitos e coloridos Rangolis na entrada das casas. São mandalas coloridas feitas de areia tingida”, explica a diretora.
O terceiro dia é considerado o mais auspicioso e dedicado ao apaziguamento de Lakshmi, por isso a casa fica extremamente arrumada e iluminada, pois a deusa gosta de limpeza. Há também a explosão de fogos de artifício nas ruas.
“O dia seguinte ao Amavasya é conhecido como Gudi Padwa, um símbolo de amor e devoção entre a mulher e o marido. Neste dia, recém-casados e filhas com seus maridos estão convidados para refeições especiais. As esposas aplicam tilakan vermelho em seus maridos como símbolo de amor eterno e fazem orações pedindo saúde e longa vida aos seus companheiros”.
Segundo Fernanda é lembrado nesta data o episódio em que Krishna elevou o Monte Govardhan com o dedo mindinho, abrigando toda a humanidade de um dilúvio, dessa forma grandes montanhas de alimentos são oferecidas aos necessitados como forma de agradecimento.