Imperador do Japão Naruhito assume o trono para ‘se aproximar do povo’

O novo imperador do Japão , Naruhito , ascendeu formalmente no dia 1º de maio ao Trono do Crisântemo. Houve uma cerimônia na qual ele herdou os objetos sagrados que lhe conferem legitimidade como monarca. Na véspera, o seu pai, Akihito , de 85 anos, abdicara por conta da sua idade avançada e estado de saúde frágil.

 

 

A solenidade na Câmara do Pinheiro do Palácio Imperial foi fechada às mulheres, incluindo a esposa de Naruhito, a agora imperatriz Masako. Com o novo casal imperial, começa a era Reiwa, nome que significa “bela harmonia”.

 

 

Em seu primeiro discurso, Naruhito se comprometeu a estar sempre junto ao povo japonês e fez um apelo à paz mundial. O imperador jurou “atuar de acordo com a Constituição e orientar sempre pensamentos para o povo”.

 

 

Naruhito disse ainda que buscará seguir o caminho trilhado por seu pai, que conquistou popularidade por se manter relativamente próximo da população, quebrando a tradição de maior discrição adotada tradicionalmente pelos seus antecessores.

 

 

— Prometo que sempre pensarei no povo e, ao mesmo tempo em que me aproximo dele, cumprirei minhas funções como um símbolo do Estado e da unidade do povo japonês, de acordo com a Constituição — disse Naruhito, que vestia uma casaca e várias medalhas grandes, com um sorriso contido. — Anseio sinceramente pela felicidade do povo, pelo progresso futuro do país e pela paz mundial.

 

 

No dia 22 de outubro, Naruhito e Masako aparecerão vestidos com os elaborados trajes imperiais, em uma cerimônia no Palácio, antes de um desfile pela capital. O novo imperador receberá a saudação dos primeiros chefes de Estado no final do mês de maio.

 

 

Aberto ao mundo

Naruhito não esconde suas críticas ao asfixiante modo de vida da família imperial japonesa. Nascido em 23 de fevereiro de 1960, Naruhito foi o primeiro príncipe que cresceu sob o mesmo teto que os seus pais, ao invés de ser educado por instrutores e tutores.

 

 

Na década de 1980, estudou durante dois anos na Universidade de Oxford, no Reino Unido, após obter um diploma em História no Japão. Assim, pode viver por um tempo longe das rígidas amarras da vida tradicional de um membro da família imperial japonesa, misturando-se com outros estudantes.

 

 

Em 1993, se casou com Masako Owada, que vem de uma família de diplomatas e é formada em Harvard e Oxford. Poliglota e acostumada a viajar pelo mundo, ela renunciou a uma promissora carreira para entrar na família imperial. Alguns anos depois, caiu numa grave depressão que a manteve longe dos holofotes por vários anos.

 

 

Para Kenneth Ruoff, diretor do centro de estudos japoneses da Universidade de Portland, nos Estados Unidos, o novo imperador deverá adotar uma perspectiva mais aberta ao mundo, embora sem romper com as tradições familiares:

 

 

— Em várias ocasiões, Naruhito apontou que a Casa Imperial tinha que se adaptar  às transformações da sociedade. Não esperamos, portanto, que seja uma réplica exata de seu pai, ainda que mantenha certa continuidade.

 

 

Em 2004, Naruhito acusou o protocolo de asfixiar a personalidade de sua esposa, causando comoção na Corte. Ele prometera “protegê-la a qualquer preço” das pressões que a cercavam enquanto princesa. Incluindo a dar à luz um filho do sexo masculino, já que  a sucessão imperial no Japão é patrilineal. O menino, entretanto, nunca veio, e a única filha do casal imperial é a princesa Aiko, nascida em 2001.

 

 

—  Nos últimos 10 anos, a princesa Masako se esforçou para se adaptar à vida da família imperial. Eu fui testemunha. Esta empreitada a deixou totalmente esgotada — declarou Naruhito a jornalistas japoneses e estrangeiros. — Também é preciso dizer que sua antiga carreira e sua personalidade dinâmica foram, em certo sentido, negadas.

 

 

Em uma declaração publicada no seu aniversário em dezembro, Masako disse que se recuperava progressivamente e considerou que poderá “cumprir mais obrigações do que antes”.

 

 

Fonte: https://oglobo.globo.com